Pensava que para tudo se tinha um porque, uma explicação. Mas quando chego na sala de espera na clínica de oncologia percebo que tem coisas inexplicáveis e sem motivo.
• Porque o protocolo de quimioterapia super novo e bom deu certo em mil pacientes e naquele senhor do canto não?
• Porque o câncer aparece na vida de uma jovem recém casada e grávida?
• Porque eu, depois de tudo que passei, ainda tenho medo?
Hoje tento entender porque não consigo confiar na minha cura. Porque o medo em cada exame, cada imagem, cada dor. Eu venci o câncer, mas as vezes parece que não tenho o poder da vitória.
Achei que quando eu crescesse eu ia ser dona de mim e dos meus sentimentos. Que iria entender e aceitar que a pior parte foi, e cada dia que passa, é um dia mais longe da doença que mais me tirou pessoas amadas na vida.
Não, não tem explicação. Na verdade sei que meus amigos guerreiros entendem o que tento expor nestas palavras, mas ninguém nunca vai entender por completo quão doida é essa vida contra o câncer.
Ou você acostuma, se adapta, aceita, ou não sobrevive. E não falo somente da luta diária com os medicamentos, cirurgias e etc. Falo da luta diária em ignorar o medo, enfrentar as pirações e seguir em frente.
Cada vez que chego aqui, acontece uma mistura entre a certeza de que está tudo bem, e a insegurança de que tudo esta prestes a desmoronar.
"Algumas guerras nunca terminam. Algumas acabam em tréguas desconfortáveis. Algumas guerras resultam em total e completa vitória. Algumas guerras acabam com paz. E algumas guerras acabam com esperança. Mas todas essas guerras são nada comparadas com a mais assustadora de todas: aquelas que você ainda tem que lutar”.
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